ATA DA SESSÃO DE INSTALAÇÃO DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 15.03.1988.

 

 

Aos quinze dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sessão de Instalação de Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a Segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nilton Comin, Paulo Sant´Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Werner Becker. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos da Sexta Sessão Legislativa Ordinária, discorrendo sobre o trabalho e a luta desta Casa e de todos os Legislativos brasileiros, em busca da real democratização do Brasil. Analisou a crise geral atualmente observada no País, dizendo que esta Câmara deverá, neste ano, desenvolver um trabalho permanente de prestigiamento e vigilância da Assembléia Nacional Constituinte. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 755; 756; 757; 796; 797; 799; 758/87; 134/88, do Sr. Prefeito Municipal; 98/88, do Conselho Federal da Administração; 138/88, do Gabinete do Governador; 355/88, da Câmara Municipal de Carazinho; s/n.º, do Sen. Guido Mondin; Telegramas, da Sr.ª. Arabela Chiarelli; da Sr.ª Alice Simon Heuser; do Sr. Walter Steiner. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Líderes de Bancada. O Ver. Raul Casa teceu comentários sobre o início dos trabalhos da presente Sessão Legislativa, declarando que a bancada do PFL buscará uma atuação conjunta com as outras Bancadas, tendo como objetivo final o bem-estar da população. Disse que o seu Partido é favorável a eleições diretas, em todos os níveis, ainda este ano. Comunicou que a Verª. Bernadete Vidal assumiu a Vice-Liderança do PFL na Casa. A Verª. Jussara Cony saudou a Casa, pelo reinicio dos trabalhos, e registrou a presença, no Plenário, da Direção do Diretório Acadêmico da Faculdade de Farmácia e Bioquimíca da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Presidente da Casa, Ver. Brochado da Rocha, acerca da necessidade de prestigiamento e vigilância à Assembléia Nacional Constituinte, analisando o assunto e propondo reunião das Lideranças deste Legislativo para que sejam convidados representantes dos Partidos e das instituições democráticas do Estado e elaborado um documento em favor da soberania da Assembléia Nacional Constituinte. Atentou para a tradição democrática desta Casa e para a importância de sua presença na discussão dos temas básicos do País. O Ver. Jorge Goularte disse que a Bancada do PL no decorrer da Sessão Legislativa que hoje inicia discutirá os processos a serem votados na Casa, embasando suas decisões e posicionamentos no programa e nos rumos defendidos pelo seu Partido. Falando sobre a Assembléia Nacional Constituinte, criticou a pouca presença dos Constituintes às Sessões e a morosidade com que são encaminhados os trabalhos da nova Constituição Brasileira. O Ver. Cleom Guatimozim, declarando sempre ter tido restrições à Assembléia Nacional Constituinte, criticou os trabalhos da mesma, tecendo comentários acerca da possibilidade de instalação de um sistema de Governo Parlamentarista no País. Disse que o povo brasileiro é adepto do sistema Presidencialista e que, caso fosse instalado o Parlamentarismo, em pouco tempo seria revogado por decisão da própria população, analisando o assunto. Comentou a crise geral que hoje atravessa o País. O Ver. Hermes Dutra, comentando os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, indagou acerca da data de conclusão da nova Constituição Brasileira, atentando para a expectativa da população frente à mesma. Discorreu sobre a importância da Sessão Legislativa que hoje se inicia, tendo em vista a possibilidade de ocorrência de eleições municipais ainda este ano, a previsão de conclusão dos trabalhos Constituintes e a necessidade de elaboração de uma legislação municipal embasada na nova Constituição do País. Comentou a forma de atuação que deverá ser assumida pela Bancada do PDS, principalmente em relação ao Executivo Municipal. O Ver. Werner Becker falou sobre os aumentos das tarifas do transporte coletivo, do combustível e demais produtos, ocorridos nos últimos dias. Discorreu acerca do Projeto “Praia do Guaíba”, a ser enviado à Casa, analisando os reflexos de sua votação e comentando a estrutura parlamentar desta Casa, tendo o Partido do Governo, como Bancada majoritária, o que prejudica uma concreta oposição legislativa. O Ver. Flávio Coulon teceu comentários sobre o transcurso do primeiro ano do Governo Pedro Simon à frente do Executivo Estadual, falando dos problemas enfrentados pelo Rio Grande do Sul e de pesquisas realizadas pelos jornais Zero Hora e Correio do Povo, segundo os quais, a média da aprovação da comunidade à atuação do Gov. Pedro Simon é maior que a alcançada pelo Pref. Alceu Collares. O Ver. Lauro Hagemann saudou os demais Parlamentares, pelo reinício dos trabalhos, augurando que este seja um ano de renovação, através de eleições diretas em todos níveis. Discorreu sobre o quadro de insegurança observado no setor educacional do Estado, lamentando que tal situação seja encontrada durante o governo de um Partido que durante muito tempo representou a ideologia de tom fortemente esquerdista. Salientou a importância da participação deste Legislativo na defesa da educação pública, seja a nível do Município, do Estado ou de todo País. O Ver. Antonio Hohlfeldt disse ser esta uma semana decisiva para a definição dos rumos a serem seguidos pelo Brasil, com a votação, na Assembléia Nacional Constituinte, do sistema de governo. Teceu comentários sobre as eleições municipais marcadas para novembro deste ano. Falou acerca dos trabalhos de conclusão da nova Constituição Brasileira, analisando o assunto e a importância de uma vigilância constante dessa questão. Comentou a atuação da Casa frente aos problemas básicos da
Cidade, lamentando que, em várias votações aqui realizadas, não tenham sido observadas as necessidades e o bem-estar da população. A seguir, o Sr. Presidente leu o Ofício n.º 74/88, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul e apregoou os Projetos de Lei do Legislativo n.º 09; 11/88; o Projeto de Lei do Executivo n.º 09/88 e o Projeto de Resolução n.º 04/88. Após, o Sr. Presidente comunicou que será realizada uma Sessão Extraordinária, amanhã, para correr Pauta dos Projetos hoje apregoados, convocou as Lideranças para reunião após a presente Sessão e levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Gladis Mantelli e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Paulo Sant´Ana, o último como secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, lª Secretária, determinei fosse lavrada a presente ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): A Câmara Municipal de Porto Alegre, ao reabrir os seus trabalhos, convencionou com as Lideranças da Casa, neste ato inaugural dos trabalhos da 6ª Sessão Legislativa Ordinária da 9.ª Legislatura, que falariam as lideranças. Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, quero dizer que a Câmara retoma, neste momento, uma espécie de contagem regressiva os trabalhos de uma Legislatura incomum em sua história. Primeiro, porque os 33 vereadores das nove Bancadas aqui representadas estão seguindo o rumo final de um mandato também incomum, pela sua duração de seis anos. Segundo, porque durante este período, a Câmara Municipal de Porto Alegre buscou firmar-se como Poder Legislativo que atua em benefício dos interesses dos segmentos que a elegeram, tendo que se reciclar dos vícios impostos por governos autoritários, tendo que enfrentar as dificuldades forjadas pelos maniqueísmos da Nova República, que começou impondo ao País o desastre econômico do Plano Cruzado.

Vivemos uma transição que se assemelha a um nó que não se desenrola. Os Legislativos continuam carentes de suas prerrogativas e ainda não conseguiram exercer o papel que lhes cabe, de garantia da soberania popular, posição fundamental para a solução dos problemas básicos de alimentação, saúde, habitação, saneamento básico, educação.

A Câmara Municipal de Porto Alegre reinicia suas atividades sob o espectro de uma nova recessão econômica, a mais cruel e mais desumana de todas as que foram impostas pelos donos do capital estrangeiro; sob as ameaças de um novo choque, um novo congelamento de salários que tem como único objetivo a satisfação do Fundo Monetário Internacional.

O que restou da nossa luta? Fizemos cessar o regime de arbítrio, mas ainda estamos distantes da realização de propostas concretas, como a Reforma Agrária, Reforma Tributária, Bancária e Urbana. O País chegou ao período de transição sem que nenhuma reforma tenha sido executada, encontrando uma classe política totalmente esmagada e vulnerável, pela ausência de um dirigente eleito e legítimo para assumir a responsabilidade de dar fim à política econômica anárquica que aqui se estabeleceu.

Por trás da anarquia, que hoje confunde-se com democracia, e por trás da deliberação dos gabinetes, esconde-se o monstruoso capital internacional, que nos manipula, manuseia nossos passos e nossos caminhos. Por isso, o povo brasileiro vive um estado de extrema necessidade, de penúria e miserabilidade, pela ausência total de meios para a satisfação do que é mínimo em sua sobrevivência como ser humano. Estão aí as pesquisas que atestam a incidência da fome e da subabitação nos Municípios em crise pela falta de melhor distribuição de renda, pelo comprometimento de governantes que se acomodam no seu conservadorismo manso e pacífico, sem dar ouvidos às manifestações populares.

A Câmara Municipal, ao reiniciar suas atividades, o faz sob o espectro de uma recessão econômica, a mais cruel e desumana de todas as impostas até aqui e, certamente, o capital internacional cerca neste momento as decisões brasileiras sob a ameaça de penúria e de miserabilidade, pela ausência total dos meios para sua satisfação mínima em sua sobrevivência enquanto ser humano. E aí as pesquisas atestam a incidência da fome e da subnutrição dos Municípios em crise pela falta de uma melhor distribuição de renda, pelo comprometimento dos governantes que se acomodam no conservadorismo manso e pacífico, sem dar ouvido às manifestações populares. Os Municípios são colocados como pacientes terminais de doenças geradas ao longo do tempo. A Câmara, tanto quanto é possível, tem mantido um clima de abertura e sobretudo de compreensão. As nove legendas aqui com assento têm dado acolhida à Reforma Tributária. Tem dado acolhida à eleição direta e a outras medidas desta natureza.

Cabe, no entanto, refletir, neste momento, e refletir muito. Até quando a Constituinte terá a sua soberania alcançada, de vez que, poderosas vozes se levantam contra a soberania desta mesma Constituinte? Por tudo isso, julga a Casa como fundamental, não só o estabelecimento de uma Constituinte condizente. Sabendo que nós, como Município, apenas teremos que executar as medidas últimas, sabendo perfeitamente que nossos destinos se encontram vinculados em Brasília, queremos, neste primeiro dia em que abrimos os nossos trabalhos, dizer que entendemos que a Câmara deve funcionar, durante este ano, de uma forma permanente de prestigiamento e vigilância em relação à Assembléia Nacional Constituinte. Tendo a Câmara já tirado vários postulados, várias posições em várias Bancadas, temos que chamar toda a sociedade porto-alegrense para junto com ela fazermos o enfrentamento. É necessário, também, que se repita para apenas não ficar numa linha política e refletirmos que na nossa contagem regressiva estamos chegando na 6ª Sessão Legislativa e quem não o fez até agora certamente terá só este ano para fazer. Foi um período muito longo e devemos ter ciência que o momento se apresenta. Por todos esses aspectos, quero crer que possamos trabalhar.

Acredito, firmemente, que este ano teremos que atropelar os trabalhos, neste primeiro ano, quer para consumar os nossos objetivos, os nossos compromissos eleitorais, como nos mantermos em contato com a Assembléia Nacional Constituinte. Era, em rápidas palavras, o que queria colocar aos Senhores Vereadores, independente de que teremos, desde a saída, uma série de projetos que teremos que votar em Sessões Extraordinárias, ainda esta semana.

Após ouvir as Lideranças, a Casa fará a apregoação de alguns Projetos. A Mesa já recebeu a inscrição da Bancada do PFL e, agora, recebe do PC do B e PL. Solicito que a Sra. Secretária anote as inscrições.

Com a palavra o Sr. Raul Casa, pelo PFL

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, renovam-se, neste dia, ao instalar-se mais um ano Legislativo, as esperanças de que a conciliação, o entendimento é a solução para os problemas nacionais, neste ano, para que se encontre o caminho que todos nós almejamos. Nossa Bancada, com assento nesta Casa, consciente de suas responsabilidades, e por formação e orientação, é pela busca do entendimento, pela conversação franca, pela exposição leal, pelo entendimento fraterno. Sabemos, e bem ressaltou o Sr. Presidente, ao inaugurar este ano legislativo, do clima de angústia e preocupação que se abala sobre a Nação Brasileira. Nossa Bancada não foge à responsabilidade, ao pedir eleições gerais ainda este ano, eleições em todos os níveis, de Presidente a Vereadores. Nossa Bancada pretende ter uma postura de análise de todos os problemas que afligem esta Cidade, não se furtará ao diálogo, não deixará de buscar o entendimento com todas as Bancadas com assento nesta Casa. A nossa meta é o bem estar da nossa população. O nosso objetivo é, Sr. Presidente, a busca das soluções e, onde estas estiverem, ao nosso juízo, lá estará a Bancada do Partido da Frente Liberal, independente e altaneira, sem se deixar influenciar por quizilas, sem se deixar envolver por argumentos que não tragam o convencimento de que estaremos fazendo o melhor por nossa gente. Nossa Bancada, através desta Liderança e da Ilustre Vice-Líder de nossa Bancada, que anuncio neste momento, a Vera. Bernadete Vidal, não se furtará de ouvir todos os segmentos políticos desta Casa, estaremos sempre abertos para ouvir, participarmos e provarmos a decisão que, a nosso juízo, consulte melhor os interesses desta Cidade.

Saúdo fraternalmente, em nome da Bancada do Partido da Frente Liberal, não apenas as Lideranças de todos os partidos, mas a todos os integrantes com assento neste Legislativo, na certeza de que, neste ano, com eleições gerais, haveremos de, repito, pelo entendimento, pela crítica, pela conversação, chegarmos à busca das soluções que todos nós queremos. Aí está, e me lembra a Vice-Líder Bernadete Vidal, o grave problema da educação que aflige o nosso Estado, polêmicos projetos estão prestes a serem remetidos pelo Executivo Municipal para esta Casa, e tenham, os senhores, a certeza de que o nosso Partido estará plenamente consciente da sua importância nestas decisões, e elas serão tomadas de acordo com os interesses da nossa Cidade.

Não à demagogia, não a projetos que não condizem com o desejo da nossa população, como um todo, não à malícia; sim ao entendimento, sim à fraternidade, sim à conversação! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª Jussara Cony.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Antes de mais nada, neste 15 de março de 1988, ao iniciarmos uma nova Legislatura nesta Casa, queremos saudar a Mesa Diretora desta Casa, as Lideranças, os 32 colegas Vereadores, o Plenário, e hoje queremos destacar a presença da Direção do Diretório Acadêmico da Faculdade de Farmácia e Bioquímica, nossos futuros colegas. Também queremos saudar os funcionários desta Casa em todos os níveis, que têm no dia-a-dia oportunizado a participação efetiva desta Casa através de inestimável prestação de serviços à comunidade, oportunizando o funcionamento desta Casa Legislativa.

Queremos dizer que iniciamos bem a atual Legislatura e entendemos que iniciamos bem porque, ao abrir os trabalhos legislativos, a Presidência desta Casa convoca para a necessária vigilância que este Poder Legislativo e que o povo em geral devem ter para a necessária vigilância pela soberania da Assembléia Nacional Constituinte. Nós, como Liderança do Partido Comunista do Brasil, tantas vezes, não apenas nesta Tribuna, mas nas ruas da Cidade, em Brasília, como Direção da União dos Vereadores do Brasil, temos alertado para os ataques, temos alertado as intromissões e constrangimento que têm sido feitos à Assembléia Nacional Constituinte pelo Palácio do Planalto, pelo Governo Sarney e pelas forças reacionárias que querem entravar o processo de luta por liberdade e democracia no nosso País. Temos dito também que não é nos moldes de uma Constituinte democrático-burguesa que vamos avançar para resolver os problemas de fundo na nossa Nação, mas ao lado disto temos afirmado que esta Constituinte tem um duplo e inestimável valor, serve por elevar o nível de consciência das massas populares, por elevar o seu nível de organização, e serve também para mostrar que não é nos moldes de um sistema burguês, de uma Constituição democrática burguesa que nós vamos resolver e avançar para soluções que precisamos num momento como este, em que o nosso País e o mundo inteiro vive, uma crise de estrutura na sociedade.

Abrimos este trabalho legislativo resgatando a tradição democrática desta Câmara, a tradição de sua luta por liberdade e por democracia, e comprometida com os interesses do povo. Abrimos os trabalhos referendando, em nome do nosso partido, a proposta aqui trazida pelo Sr. Presidente da Casa, de vigilância pela soberania da Assembléia Nacional Constituinte, contra qualquer negociata que se queira fazer no Palácio do Planalto pelas forças reacionárias, por aqueles que hoje traem a consciência que o povo depositou ao se elegerem constituintes deste País; contra qualquer negociata em torno de uma questão de fundo para avanço da democracia e da liberdade, que é a questão da revolução do sistema de governo, sobre o que já nos pronunciamos na semana anterior e já temos nos pronunciado pelo parlamentarismo, negociata que quer se fazer em torno de um mandato de um ano que se quer a mais para aquele que não tem o voto popular e que pela maioria do povo desta Nação sairia da Presidência da República hoje; contra qualquer tentativa, até por que é uma resolução da marcha dos Vereadores por uma Constituinte democrática e progressista realizada em Brasília, que oportunizou uma participação efetiva dos Vereadores brasileiros no processo da Assembléia Nacional Constituinte; contra a prorrogação de mandato de Vereadores e Prefeitos, porque isto nada mais é do que uma tese dos que querem entravar o processo da democracia neste País, para permanecer lá no Palácio do Planalto, tentando captar Vereadores em torno da sua prorrogação de mandato para permanecer um ou dois anos mais o atual Presidente da República não eleito pelo povo brasileiro.

No momento político em que iniciamos os trabalhos nesta Casa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de uma grave crise de estrutura da sociedade brasileira é necessário sim, neste momento, lutar pela soberania da Assembléia Nacional Constituinte. Queremos trazer, ao finalizar, a esta Casa de tradição, de luta por democracia e liberdade, a proposta, Sr. Presidente, para que, tão logo termine a Sessão de Instalação desta Casa, as Lideranças da Casa sejam convocadas ao Gabinete do Sr. Presidente, para que possamos rápida e urgentemente, como o momento necessita, convidar para que se façam presentes aqui, nesta Casa, amanhã, no início do grande Expediente os partidos políticos, a OAB, as centrais sindicais, o Movimento Gaúcho pela Constituinte, as entidades representativas do movimento democrático popular, para que possamos tirar nesta Casa um manifesto da Câmara Municipal, o manifesto da cidade de Porto Alegre, com a assinatura de seus 33 Vereadores, com a assinatura das entidades democráticas e progressistas desta Cidade e deste Estado pela soberania da Assembléia Nacional Constituinte. Estaremos Srs. Vereadores, como Dirigente da União de Vereadores do Brasil, convocados com Presidentes de Câmaras, como Presidentes de Uniões Estaduais e toda a direção da UVB, quinta e sexta-feira, em Brasília, levando estes e tantos outros documentos que eu tenho absoluta certeza estarão saindo de Câmaras e de movimentos Democráticos e populares para a Assembléia Nacional Constituinte, mostrando o nosso compromisso com a liberdade, o compromisso desta Casa com a democracia que neste momento está centrada na soberania da Assembléia Nacional Constituinte. Este é um dever de um Poder Legislativo como este que tem tanto lutado aqui pela própria soberania.

Poderemos ser o portador deste manifesto com assinatura aposta dos 33 Vereadores e dos movimentos comprometidos e dos partidos comprometidos com os interesses maiores da Nação Brasileira.

É esta a proposta que trazemos neste momento, Sr. Presidente, corroborando por inteiro a convocação de V. Exa. que, ao abrir os trabalhos desta Casa, se preocupa com a grande questão hoje da Nação Brasileira, que é nós podermos avançar através desta soberania que todo o povo deseja: por uma Constituinte efetivamente democrática e progressista. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, pela ordem dos inscritos, a Bancada do PL, Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Como é de praxe, nesta Casa, no início de um novo ano legislativo, os Partidos com assento nesta Casa se manifestam a respeito deste início e das perspectivas que virão neste ano legislativo. O Partido Liberal, que tem neste Vereador o seu Líder nesta Casa e que tem o Ver. Wilson Santos que é suplente de todos os Vereadores que foram eleitos pelo PDS, irá marcar a presença no Legislativo como sempre fez, ou seja, defendendo as suas idéias os seus postulados e procurando realizar o bem comum exatamente dentro de sua linha doutrinária. O Partido Liberal, em âmbito municipal, vai discutir os projetos aqui apresentados como sempre tem feito e vai votar de acordo com a consciência de seu Líder e ditames partidários, porque nós temos um Partido que tem as suas idéias, é um Partido de centro, o Partido Liberal que defende o Parlamentarismo, apesar de algumas lideranças do Partido defenderem o Presidencialismo, isso faz parte da democracia, mas este Vereador é parlamentarista por excelência e acha que é o regime que se enquadra melhor para o Brasil. Em âmbito estadual, vamos procurar mandar nossas Indicações sempre visando a uma harmonia com o governo estadual. Em âmbito federal, as questões que nós temos pela frente são muito grandes porque estamos num ano de Constituinte e me parece que ainda vai demorar algum tempo para que os brasileiros tenham a sua Constituição, dado que, de buraco negro em buraco negro, nós estamos vendo que vai ficar um imenso vão, um abismo negro, de tantos buracos negros que vão chegar nas votações da Constituinte. Me parece que há muita gente perdida por lá, há muitos que nem aparecem ainda por lá e isso é vergonhoso para o País. Nas votações é o seguinte: tem 559 constituintes, mas jamais eu vi, numa votação, mais de 430 ou 420 em números totais, o que prova, mais uma vez, a minha tese de que o câncer deste País chama-se Brasília, onde um País pobre como o nosso tem uma Capital de despachos. Ainda se fosse para despachar aquelas feras todas para o abismo negro, estaria ótimo, mas uma Capital que, quando funciona nos seus despachos, funciona de terça a quinta, não funcionando jamais sexta, sábado, domingo e segunda. Isso não existe. Então, um País não pode suportar ter uma Capital de despachos, onde os Constituintes moram um pouquinho lá e o resto nos seus Estados, e o que se gasta em empresas aéreas é algo incalculável. Por isso, eu continuo dizendo que, infelizmente, nós temos esse câncer que não vai poder ser extirpado, porque devo ser voz isolada, mas vou continuar dizendo... (Aparte inaudível.) V. Exa., como sempre, considera demais este Vereador, que vai continuar defendendo suas idéias, com sua Liderança nesta Casa, e continuo mais Líder do que nunca, porque sou Líder dos meus companheiros de Partido e não Líder de um homem só, porque um partido deve ter a Liderança que merece. Há lideranças que querem um partidinho do tamanhinho da sua liderançazinha, da sua insignificanciazinha. Há líderes que querem um Partido Grande. Eu quero um Partido grande, defendo que ele leve as suas idéias de maneira ampla e não seja o segmento de um homem só. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim, Líder da Bancada do PDT.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A falta de luz não impede a Casa, bem como a falta de som, de instalar os seus trabalhos nos tempos de Lei Orgânica do nosso Município, trazendo as Lideranças das Bancadas, a esta tribuna, os seus pensamentos sobre a situação político-econômica do País, no momento. Sempre tive restrições, desta tribuna, sobre a Assembléia Nacional Constituinte. Sempre entendi que, não havendo uma representação mais legítima da classe média e de assalariados, poderia acontecer o que está acontecendo, esta grande confusão na votação das matérias, inclusive arrogando-se Deputados a decidirem, com uma simples opinião ou uma simples emenda, os rumos, não só da política nacional, mas da vida da maioria dos brasileiros. Eu estou certo de que o sistema parlamentarista, se instalado neste País terá uma duração efêmera, terá uma curta vida se instalado neste País, por estas decisões de afogadilho e de acordos políticos que fazem até aqueles que querem ser o Primeiro Ministro desta Pátria.

A maior legitimidade – acima da Constituinte – que tem força total é a vontade e aquilo que pensa o povo de uma Nação. E o povo brasileiro, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é presidencialista. Se chegarem a esta decisão de aprovar um parlamentarismo de 5 anos, não tenham dúvida de que esta decisão será modificada por vontade da Nação, basta que meia dúzia de Deputados desgostosos e vendo o erro que cometeram na Constituinte se apressem a apresentar qualquer projeto de consulta popular. E não posso enxergar, talvez porque não vejo com óculos cor-de-rosa, o que o parlamentarismo pode afastar de golpes que possam ser aplicados neste País, venham de onde vierem. Ora, raciocinar com ingenuidade que o desgosto a um Primeiro Ministro, basta cair o gabinete e as feras continuarem as mesmas em outra posição, é até uma dose de ingenuidade ou de interesse. O meu Partido, PDT, é presidencialista. Se a instalação de um outro sistema de governo, que não o presidencialismo for instalado neste País como o resultado destes acordos, tem o PDT e outros partidos políticos a obrigação de lutar por aquilo que é a herança republicana. A República começou neste País com o Presidencialismo, o povo brasileiro não se adapta ao Parlamentarismo, o povo brasileiro não tem o mesmo tipo de mentalidade política econômica e social como países europeus, onde há um sistema instalado de Primeiro Ministro e de gabinetes, que caem, que sobem, que descem, como acontece em tantos países: Primeiro Ministro hoje, nada amanhã e Primeiro Ministro depois de amanhã novamente, dependendo de apoio ou não do Parlamento e da vontade de deputados. Mas, reconhecendo que o povo brasileiro não tem queda ao Parlamentarismo, estão inventando um série de parlamentarismos: parlamentarismo híbrido; parlamentarismo em que o Presidente manda mesmo e o Primeiro Ministro também; parlamentarismo em que o Presidente continua mandando acima do Primeiro Ministro. É uma série de parlamentarismos que estão a inventar e, neste momento, a Assembléia Nacional Constituinte enfrenta, nessas modificações que pretende fazer, a oposição, inclusive, do empresariado do Centro do País, que nega a legitimidade, a esses deputados, de mudarem os rumos das coisas deste País de forma paradoxal. Nós entendemos que pode e deve haver mudanças, principalmente no campo social, mas não as mudanças de rumo de política, de formas de eleições para satisfazer grupos do poder e partidos políticos e para facilitar a formação de alianças, para derrubar as maiores lideranças.

Então Senhores Vereadores, esta Constituição será uma Constituição de duração efêmera, vejam que até a eleição para Prefeitura será em dois turnos, os Vereadores serão eleitos no primeiro turno. Me parece que se assemelha muito ao futebol: o primeiro turno, depois vem a virada e depois o segundo turno. Os juízes continuam os mesmos, os que vão ao campo aplaudir ou a vaiar continuarão os mesmos, somente alguns clubes que estiverem mal no campeonato vão se fundir com outros para poderem enfrentar os campeões da rodada; remendos, Senhores Vereadores, remendos de breve duração da Constituição Brasileira a ser instalada e me parece que por uma rodada. Parece-me até que por uma pequena margem de votos pode ocorrer que o parlamentarismo seja instalado. E disse: por uma pequena margem de votos. Se é uma pequena margem de votos, é porque não tem o apoio popular à orientação que desejam dar. Dizem que a decisão ocorrerá agora. Não me surpreendo se quiserem dar 5 anos a esse governo que aí está, ilegítimo, porque não foi eleito, mesmo com o advento da chamada nova República; não me surpreendo se quiserem dar 5 anos para continuar o arrocho salarial, o arrocho econômico, a loucura da economia deste País e onde se botou todas as culpas em meia dúzia de funcionários que ganham mais em cada Estado. Vejam que pegaram os funcionários que ganham altos salários, chamaram-nos de marajás e estão todos contra os marajás. Não tem, neste País, quem não queira matar ou ganhar igual aos marajás. No carnaval havia uma música “quem não gostaria de ser marajá, gozar da vida para a vida não poder me gozar”. Mas, o povo que se prendeu, como numa loucura, contra os marajás, esqueceu os supermercados, esqueceu a disparada dos gêneros alimentícios, vestuários, etc. e ficou em cima dos marajás.

Tem um governador que gostaria muito de ser Presidente da República, uma liderança nova, o Governador de Alagoas, que está jogando seu mandato contra justiça em cima dos marajás, porque entende que assim pode faturar para um páreo maior, mas acho que ainda não é a hora de S. Exa., pois existem lideranças muito mais experientes e maduras, legítimas, mais embasadas e acreditadas do que um Governador que joga seu mandato contra meia dúzia de marajás. O povo brasileiro deveria esquecer esses funcionários chamados de marajás, que ganham, nos Estados, a importância que todos gostariam de ganhar e se prender ao custo de vida. O marajá é uma fachada para distrair o povo. Um supermercado, hoje, com as portas fechadas, no domingo, fatura milhões de cruzados só com a remarcação, não precisa ninguém comprar nada, e o povo está aí contra os marajás.

Acho que a Assembléia Nacional Constituinte faz muito bem em colocar dispositivos que não permitam que se alcance esse teto salarial, mas, por favor, vamos esquecer os marajás, vamos cuidar do custo de vida, vamos cuidar daquilo que enche a barriga do trabalhador, do pobre, da classe média, e, em cima desses Constituintes que, aliás, ganham altos salários, cada Deputados desses é um marajá, e, eles lá estão contra os marajás.

Então, Srs. Vereadores, a nossa esperança é de que essa Constituinte reencontre o caminho, o caminho certo desejado pelo povo brasileiro. Com a preservação de costumes imutáveis, não se pode, Srs. Vereadores, com a força da Lei, com a força do direito, arrancar do coração dos brasileiros costumes arraigados que ali permanecem durante anos e anos.

Eu nunca acreditei, mas peço que Deus ilumine essa Constituinte, para que eles não cometam tantas bobagens como estão cometendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, o Sr. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no ano passado, quando nós fazíamos a abertura, já tradicional, dos trabalhos da Casa, esse Vereador comentava que era um ano importante, porque se iniciava, no País, o processo Constituinte. E hoje, um ano depois, aqui estamos reabrindo os trabalhos novamente sem sabermos quando a nossa Constituição ficará pronta, se ficará em abril. como diz o Dr. Ulysses ou em maio, como diz o ilustre Líder do PMDB, conterrâneo nosso, Dep. Ibsen Pinheiro; se ficará em junho, como falam tantos outros; em julho como dizem uns terceiros ou em novembro como diz o Líder do meu Partido da Câmara Federal.

E a essa interrogação somam-se as angústias do povo brasileiro, mas, angústias do povo, do rico, do pobre, do operário, da dona-de-casa, do intelectual, do empresário, enfim, de todos quantos, de uma forma ou de outra, contribuem para o engrandecimento da Nação. É a angústia do amanhã, de ver a sua frente o enorme ponto de interrogação, com medo de que este ponto de interrogação se transforme, amanhã, num ponto de exclamação de uma frase que ninguém quer ouvir.

Esta Casa entra no último ano do mandato da atual Legislatura. Uma experiência nova com trinta e três Vereadores que, segundo aprovado em primeiro turno, é bem provável que aumente para trinta e cinco na próxima Legislatura.

Acho que esse último ano é fundamentalmente, afora ser o ano da nossa reeleição, do trabalho eleitoral, do trabalho partidário, mas acho que também é fundamentalmente o ano da reflexão, da prestação de contas, não aos eleitores, até para esses é fácil de prestar contas, mas prestar contas para nós mesmos do que fizemos e, sobretudo, mais importante ainda, do que deixamos de fazer, do que poderíamos ter feito e por uma questão ou outra não fizemos.

Um ano de imensas dificuldades para o Legislativo Municipal, porque vejam V. Exas. que, a se materializar – coisa que não acredito – o cronograma Constitucional, nós deveremos estar fazendo a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. Imaginem, pois, V. Exas., que imensa dificuldade terá a Casa para fazer este trabalho.

Que os nossos Constituintes se dêem conta de que o País clama por eleições gerais ou diretas para Presidente, mas, acima disso, há uma questão que deve ser tratada com mais atenção ainda, é a complementação do trabalho constitucional. E, se formos fazer uma eleição este ano, é de fundamental importância que se quebre o processo constitucional brasileiro e se faça a Legislação Complementar e as Constituições Estaduais depois da eleição, sob pena de termos Plenários vazios, Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mal feitas, ausências que só vão servir para denegrir mais a imagem dos Legislativos, porque não nos iludamos, na pugna eleitoral, e só quem faz campanha e sai atrás dos votos sabe disso, não é fácil conciliar os interesses de elaboração de leis com o interesse de uma reeleição ou de uma eleição. Por isso, eu espero que os nossos Constituintes se dêem conta e parem, após a promulgação da Constituição, se houver eleições este ano, e retomemos o processo legal de elaboração formal das leis a partir do ano que vem, para que, com a calma necessária e com a reflexão fundamental nesses momentos, se possa elaborar uma Legislação Complementar que sane as falhas desta Constituinte.

Aliás, a propósito disso, ontem, a Constituinte aprovou uma Emenda do Dep. Darcy Pozza, emenda idealizada por nós, aqui no Rio Grande, e encampada pela União de Vereadores do Rio Grande do Sul e pela União de Vereadores do Brasil, que tapa um enorme buraco na Constituinte em relação ao exercício do mandato de Vereador. E se não fossem telegramas, telefonemas, encheção em cima dos Constituintes, não se teria conseguido a aprovação. E é o mínimo que se poderia pedir, porque é uma questão meramente formal, mas que traria problemas para mais de vinte mil Vereadores do País e, no ano que vem, iria estar nos jornais, novamente, o problema de trabalhar sem ganhar por parte dos Vereadores, como se eles fossem os culpados pelas leis que são elaboradas lá em cima. Felizmente, o Congresso tapou o furo da Comissão de Sistematização com a aprovação da Emenda do Dep. Darcy Pozza.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao encerrar, quero lhes dizer que a nossa modesta Bancada do PDS vai continuar o mesmo trabalho que teve, mas, com uma oposição mais atilada para o Executivo Municipal. Nós achamos que o Sr. Prefeito Municipal está muito frouxo na condução dos destinos da Cidade, e de parte da Bancada do PDS prometemos, neste início de Legislatura, uma seguradinha em S. Exa. para que, pelo menos, respeite mais as posições desta Casa e não haja este festival de vetos que tramitam, que foi mostrado, hoje, para todos, e duvido que na história de Porto Alegre tenha havido tantos vetos, nem no tempo da ditadura. Nem no tempo da ditadura havia este festival de vetos. Já nem falo nas iniciativas do Legislativo que podem ser rotuladas de inconstitucionais, mas me refiro aos projetos que S. Exa. manda para cá e os quais se tenta melhorar, porque muitas vezes são projetos malfeitos, mal elaborados, mostrando uma deficiência enorme na condução do processo político em relação ao Executivo Municipal.

Nós vamos aumentar a fiscalização por parte do PDS. E não mais estamos dispostos a dar crédito de confiança como fizemos nos dois anos que passaram. Achamos que passamos cheques em branco demais para o Sr. Prefeito. A nossa conta bancária se esgotou e S. Exa. não mais receberá cheques em branco por parte do PDS. Ao contrário, receberá, nestes meses que falta, cobrança diuturna do que prometeu e não fez, do que fez de errado e daquilo que deveria fazer. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Líder do PSB, Ver. Werner Becker.

 

O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs. Funcionários da Casa, muito pouco vou dizer, porque há muito para falar. Inaugura-se o ano legislativo, com a “suba”, como diz Ver. Martin Aranha, das passagens de ônibus, recebendo esta Câmara Municipal, mais uma vez, o fato como consumado. Inaugura-se também a Sessão Legislativa com o aumento do preço da gasolina. Inaugura-se a Sessão Legislativa, certamente, com aumento em muitos mais preços e com uma retenção cada vez maior na bolsa do assalariado. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu diria que se inaugura esta Sessão Legislativa com a nossa Pauta já enfrentando o chamado Projeto Praia do Guaíba, que há de ser extremamente relevante, ou não, para esta Cidade. Ou não. Acho que neste momento, este Projeto, além dos aspectos políticos, geográficos, topológicos, ecológicos, populacionais, ele apresenta para esta Câmara de Vereadores um desafio. Até quando continuaremos aceitando os cheques ao portador do Prefeito Alceu Collares e nos limitando meramente a aprovar o que nos chega aqui? Em nome do temor de estar boicotando a administração Alceu Collares, eu diria que estamos aprovando muito, até demais.

Antes de enfrentar este Projeto Praia do Guaíba, eu gostaria de que a Câmara fizesse esta reflexão. Vai ser criado, aqui, pelo Projeto do instituto original, na estrutura do Município, nós criaremos um regime Parlamentarista, um Primeiro-Ministro da sociedade privada. Não será um deputado, não será um cargo público, um Primeiro-Ministro independente do voto de confiança, ou de desconfiança desta Câmara, que terá amplos poderes no exercício das tarefas Executivas. Neste momento em que o País discute Parlamentarismo ou Presidencialismo, acho que poderíamos dizer que Porto Alegre está oferecendo uma sugestão nova, um Parlamentarismo com Executivo Privado, apenas para esta consideração, Executivo Privado, não dependente de votos de confiança ou de desconfiança da Câmara. Até pode ser boa a idéia, mas um pouco original, porque definida com certa rapidez e audácia. A privatização será a tal ponto, na política do Município, que já chegamos na figura do Primeiro-Ministro Privado. Bom, por enquanto, são só as manchetes desse início de Legislatura: novo aumento das passagens, um Primeiro-Ministro Privado, e uma política de compressão do salário do funcionalismo público. Mas tenho certeza de que, por volta de agosto, setembro, as coisas vão melhorar, pois em vésperas de eleições sempre se apresenta algumas coisas. Quero informar ao funcionalismo que tenho certeza, pela minha experiência, que por setembro ou outubro serão contemplados com pródigo aumento para o próximo Prefeito pagar, talvez o PMDB, ou o PSB. O PDT não tem nem candidato, e já admite isso, é capaz de dar 400 a 500% de aumento, já que não é ele que vai pagar a conta. E por aí se encerrará daqui a 3 anos esta experiência do socialismo moreno que ficará para a história porto-alegrense como uma coisa extremamente original e que não sei se o porto-alegrense vai querer repetir tão cedo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Confesso que me enganei, apesar de todos os temas que foram colocados nesta tribuna serem relevantes, imaginava que seria colocada, hoje, como tema principal, essa data tão importante que marca o primeiro ano de Governo Pedro Simon. Mas é um governo que está indo tão bem que, ao completar seu primeiro ano, todos partidos de oposição que aqui vieram não tiveram absolutamente nada para colocar, o que acho notável, porque é o reconhecimento ao trabalho que está sendo feito até agora. Cheio de percalços, com muitos erros, muitas omissões e enganos, mas que vem seguindo sua trilha e que deverá deslanchar a partir do segundo ano.

Fomos presenteados, neste primeiro ano de governo, com duas pesquisas em dois jornais da Cidade: “Correio do Povo” e “Zero Hora”, que nos prestaram serviço inestimável, nos deram um presente de aniversário maravilhoso, que são essas pesquisas. Pesquisas que irão nos orientar e que estão apontando nossos erros e que mostram, de uma certa maneira, que o Governo Pedro Simon está na trilha certa. Vejam os Senhores que, no assunto de Ensino, 66% das pessoas consultadas consideram que ele está de regular para bom e para ótimo. No setor da Saúde, 70% considera de regular a ótimo. Na Segurança Pública, 53% consideram de regular a ótimo. Na pesquisa do “Correio do Povo”, nós obtivemos, vejam os senhores, apesar de todos os percalços, apesar da falta de experiência que hoje nós reconhecemos da capacidade de nosso quadro, nós conseguimos, neste primeiro ano atribuladíssimo, uma média melhor do que o Prefeito Alceu Collares, que já vai para o seu terceiro ano de gestão. O Prefeito Alceu Collares, nesta última pesquisa, não conseguiu a média 5 e o Governo Pedro Simon, no primeiro ano de seu Governo, consegue a média 5,09 para a sua Secretaria; e diria mais, 52% das pessoas que responderam a esta pesquisa do “Correio do Povo” não votaram no Governo Pedro Simon. Isso é importante, pois metade das pessoas consultadas não votaram no Governador, mesmo assim, do total consultado, 27% continuariam votando no Gov. Pedro Simon, então mais de 50% dos que votaram nele continuariam votando, e vejam que, ao longo desse tempo, mantendo coerência com o discurso que foi feito em praça pública, mantendo austeridade de enxugamento da máquina administrativa, honestidade, nós acabamos por ferir os interesses de muita gente. Nós acabamos cortando os privilégios de uma parte dos funcionários, nós acabamos sendo obrigados pela situação financeira caótica que herdamos, de uma certa maneira, a arrochar o salário do servidor, muito embora, neste período, neste primeiro ano, os índices de aumento terem superado qualquer marca de qualquer governo anterior ao Governo do PMDB. Não são realmente os índices que o funcionalismo merecia, mas são os índices que a moralidade pública, o respeito à coisa pública nos permitiram dar. De modo que eu saúdo desta tribuna este primeiro ano de Governo do PMDB no Estado, e deixo aqui o compromisso e a promessa de que, a partir desta arrumação de casa que fizemos ao longo deste sofrido ano de 1987 – a arrumação da Casa está quase pronta –, partiremos, agora, com a casa arrumada, para realmente governar o Rio Grande do Sul, em benefício da população do Rio Grande do Sul, e não de classes privilegiadas que se instalaram ao longo dos anos neste governo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Segundo as demais Lideranças que já se pronunciaram nesta tribuna, uma saudação aos meus pares do reinício desta que se pretende a última Sessão Legislativa da presente Legislatura. Auguramos, também, que este ano seja um ano de renovação das Casa Legislativas, dos Executivos Municipais e principalmente da Presidência da República.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, existem tantos temas para serem abordados que é difícil de se escolher um que mereça uma atenção especial, mas não posso-me furtar de trazer a esta tribuna, quando se reiniciam os trabalhos desta Câmara, um assunto que diz também diretamente aos interesses da população de Porto Alegre, que é o problema da educação. O Governo do Estado, através da Secretaria de Educação, na tentativa de implantar o PQE, está disseminando o terror-pânico na população do Rio Grande do Sul, não só entre os professores, mas principalmente entre os alunos e os pais de alunos. A questão já transcende a mera disputa entre o governo do Estado e o CEPRS; a disputa agora já se ampliou para o governo do Estado versus a sociedade rio-grandense. Hoje pela manhã, participei de uma reunião no CEPRS com diversos parlamentares, representantes partidários, representantes de entidades de classe, CGT, Sindicatos, onde se começa a esboçar uma reação à tentativa do Governo Estadual de desmontar o sistema educacional público do Rio Grande do Sul. É um caso muito sério, e chamo a atenção dos companheiros desta Casa para uma reflexão profunda deste problema.

Me remeto mais remotamente à receita do FMI; nós não podemos descartar este aspecto da questão, porque o Fundo Monetário Internacional, no seu receituário para o combate à crise do pagamento da dívida externa brasileira, pretende o enxugamento das estatais. E é inacreditável que o Governador Pedro Simon, que tem uma trajetória inesquecível na história deste Estado e deste País nos negros anos da ditadura, esteja se prestando a este serviço. Eu não posso acreditar que não haja ninguém no Palácio Piratini que chame a atenção do Governador para o descompasso em que se situa a sua administração e o seu discurso anterior. É inacreditável, porque o que se está procedendo é exatamente ao cumprimento do receituário do FMI, e num setor de fundamental importância para a sociedade, não para os dias de hoje, mas, principalmente, para o futuro, porque está se verificando no setor educacional, do qual depende a saída deste País da crise em que estamos atolados. Não é um problema imediato, não é a passagem de ônibus, não é o feijão com arroz, não é só o pagamento da dívida externa, é a construção de uma sociedade democrática para este País para o ano 2000, e por aí afora. Não se pode conceber esse tipo de tratamento que está tendo esse setor, a desmontagem do setor público de educação. Com benefício a quem? Ao setor privado. Hoje não se encontra uma vaga numa escola particular de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. E com que interesses? O setor público de ensino vai reservado ao proletariado que, historicamente, sempre foi desconsiderado pelos governos como, infelizmente, estamos verificando, considera o que está à testa do Rio Grande do Sul. Eu tenho, pessoalmente, pelo Governador Simon, o maior apreço; conheço S. Exa há 35 anos; fomos companheiros de lutas estudantis; fomos companheiros na Assembléia Legislativa; fomos companheiros na luta pela sustentação da democracia nos períodos negros da ditadura; mas não posso entender que todo seu discurso de 30 anos vá por água abaixo nesses episódios a que estamos assistindo. Alguma coisa está errada. Ou S. Exa. enganava no tempo em que fazia os discursos antiditatoriais, ou engana agora, dizendo que faz um governo progressista. É disso que esta Casa precisa tomar consciência e nós precisamos organizar aqui, a exemplo de outros parlamentos – Estado, Câmaras Municipais –, uma frente parlamentar pela sustentação do sistema educacional público deste Estado, porque, se não, a História vai cobrar-nos a falta de uma postura adequada nesta hora crucial. Quanto mais tarde os historiadores verificarem os Anais desta Casa, da Assembléia Legislativa, de outras Câmaras Municipais, dos Parlamentos deste País, não vão ter os historiadores uma visão muito agradável daqueles que se omitiram nesta hora. E é por isso que eu convido os companheiros, neste discurso um tanto destemperado, talvez, a nos constituirmos em uma frente parlamentar municipal pela defesa da educação pública neste Município, neste Estado e neste País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, Líder do PT.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A semana que vivemos é uma semana decisiva em relação às decisões a serem tomadas pela Assembléia Nacional Constituinte, sobretudo quanto à definição do mandato presidencial e sobre o modelo de governo a viger neste País nos próximos anos – a  valer o pré-texto da Constituinte, no mínimo, por 5 anos. É a semana em que nós poderemos assistir a um grande acordo das elites passando por cima dos interesses populares. O tríplice Presidente Ulysses Guimarães buscando mais um cargo - enquanto 1º Ministro –, mediante cooptação dos interesses da ampliação do mandato do Presidente Sarney e do grupelho que se instalou no Palácio do Planalto, usando e abusando do poder público, da possibilidade de se decidir a respeito dos interesses próprios. É também um ano em que, teoricamente, teremos uma eleição municipal e creio que cada Vereador desta Casa, se antes não pensava nisto, agora terá, evidentemente, até por questões do seu futuro político, de levar muito em conta os resultados vividos em 1985, que decorreram da Administração populista do Sr. Alceu Collares, tanto quanto o resultado de 1986, que decorreu da Administração do Sr. Pedro Simon, da qual é difícil de se falar. Só se pode falar do que existe e não do que não existe e, enfim, de alguns resultados esparsos de eleições ocorridas no ano passado e indicações de pesquisa que apontam, evidentemente, para resultados ligados aos chamados pequenos pelos meios de comunicação da burguesia, os pequenos partidos que felizmente mantêm a coerência e a vinculação com as bases populares de onde tiraram os seus votos: o PT, o PC do B, o PCB e, recentemente, o PSB. Fala-se, e ouvimos ainda nesta tarde esta mesma perspectiva, fala-se muito em entendimento e conciliação. No entanto se esquece, e esquecem aqueles que defendem a tese do entendimento e da conciliação, que só se pode ter conciliação e entendimento entre iguais ou próximos e, evidentemente, não são próximos e nem iguais o empresário que espolia o trabalhador, que resiste à teoria de 40 horas de trabalho semanal e classifica como demagógica a licença à paternidade, numa postura não só machista, mas também um apostura que esconde, na verdade, a vontade de se explorar um pouco mais homens e mulheres e crianças, inclusive, para não falarmos nos velhos. E não são iguais os administradores que tomam o poder, mesmo pelo voto popular, para defenderem interesses próprios e trair os discursos de campanha e o cidadão que vê, a cada dia, os seus impostos e as sua taxas aumentarem sem receber nada de bom. Portanto, não me parece, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que a tese do entendimento e da conciliação seja uma tese real para a situação que hoje atravessa a maioria desta população. Na verdade, entendimento e conciliação, historicamente, sempre foi o arreglo das eleições para dar o cambalacho na maioria da população brasileira. Da importância da vigilância dessas duas próximas semanas sobre a Constituinte contra as tentativas de golpes do Palácio do Planalto, da distribuição escandalosa de canais de Rádio e Televisão pelo super Ministro das Comunicações, Sr. Antônio Carlos Magalhães, que conseguiu bater em seis meses o velho recorde de 20 anos de ditadura na concessão de canais de Rádio e de TV em nome da tentativa de 5 anos de mandato ao Sr. José Sarney.

Há também, nesses próximos dias, a preocupação em relação às prerrogativas desta Casa. O texto atual da Constituinte atendeu a uma velha reivindicação dos Vereadores, que é a garantia do mandato, a consideração do Vereador como parlamentar e o direito às imunidades para que ele atue na base territorial do seu Município. Se no segundo turno não nos tirarem isso, teremos avançado alguma coisa. Mas me parece que é importante que os próprios Vereadores, que o próprios Legislativos, e portanto aí também os Senhores Deputados Estaduais, Federais e Senadores, eles próprios não sejam coniventes com a herança da ditadura militar que colocou os Legislativos num patamar inferior em relação aos Executivos, que os Legislativos, através de seus componentes: Vereadores, Deputados, Senadores, tenham hombridade e respeito pelo voto que buscaram nas campanhas eleitorais. Que não traiam o eleitor em casos polêmicos, em projetos fundamentais como alguns que vamos enfrentar este ano e outros tantos que já enfrentamos em anos anteriores. É interessante olhar-se que, embora a tradição desta Casa seja de luta, em muitas situações polêmicas, onde foi preciso opor-se ao poder econômico e financeiro, pela composição reacionária e conservadora da maioria dos membros desta Casa, a Instituição Legislativa de Porto Alegre sucumbiu com perdas profundas, com danos enormes à população e à Cidade, bastando lembrar do escândalo que volta agora aos jornais, que é o caso Maguefa, outros projetos a que poucos Vereadores desta Legislatura resistem, como o Morro do Osso, os “shopping center” e seus festivais, da Maguefa, do Jóquei, do Praia do Guaíba, a que se somam agora os festivais de cinco estrelas e seus hotéis maravilhosos à beira do Rio. O Projeto do Teatro quer disfarçar o do hotel, do Praia do Guaíba, que enfia uma marina pública, talvez para os caciques das vilas do Guaíba, etc., são alguns desafios.

Casualidade ou não, este 15 de março é o Dia do Consumidor brasileiro. Ironia suprema, consumidor brasileiro que já não tem mais o que consumir, pois seus salários não permitem, consumidor brasileiro que é consumido diariamente, porque, como já se tornou lugar comum, o salário termina 20 dias antes do final do mês. O consumidor brasileiro que, sobretudo, é consumido pela situação dramática vivida pelo País, pela desesperança, pela incerteza de ter emprego, salário e agora escola para seus filhos. O consumidor brasileiro que não tem a garantia sequer de defesa em relação à qualidade do que compra e consome quando consegue. O consumidor brasileiro que, na verdade, apesar de tantas leis, continua sendo enganado, essencialmente, por aqueles que, na administração deveriam ser seus principais defensores. A CEEE que corta a luz errada, a CRT que aumenta seus preços a cada dia, a nossa querida PETROBRÁS, que é obrigada – entre aspas – a aumentar os nossos combustíveis a cada semana ou a cada 15 dias. Sob essa perspectiva, não alegre, não otimista, mas de combate, quem sabe e aprendeu ao longo de 5 anos de mandato parlamentar nesta Cidade que, da união de forças populares, da união de seriedade de parlamentares desta Casa, vamos retirar realmente a defesa do interesse maior da Cidade e a certeza e garantia de que nesta luta vamos continuar. Porque esta é a nossa obrigação, não apenas como membro do Partido dos Trabalhadores, mas também como membro de um Legislativo, que, independente do nosso mandato imediato, das questões imediatas, nós temos, Vereadores de mandato excepcional de seis anos, uma responsabilidade histórica: recuperar a crença popular na política e nos políticos. Isto me parece fundamental. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos os trabalhos, a Mesa permite-se ler o ofício recebido em 11 de março do corrente ano, que tem os seguintes termos ... A Mesa faz este esclarecimento: poderiam alguns pensar que a Mesa não tomou as providências devidas. É este o teor do ofício:

 

“TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIO GRANDE DO SUL

 

Ofício P 74/88                                                            Porto Alegre, 11 de março de 1988.

 

Senhor Presidente:

 

Tendo em vista o recebimento do ofício n.º 427/87, de Vossa Excelência, e que diz respeito ao Vereador Jorge Pereira Goularte de Souza, informo-lhe que o mesmo é eleitor da 111ª Zona Eleitoral, sendo filiado ao Partido Liberal desde três (3) de junho de 1987.

Colho o ensejo para externar-lhe os meus protestos de distinta consideração.

 

Desembargador Marco Aurélio Costa Moreira de Oliveira

Vice-Presidente no exercício da Presidência”

A Mesa apregoa os seguintes projetos:

 

PLL n.º 9/88, que altera a codificação da Função Gratificada de Operador de Processadora Eletrônica de Contabilidade, relacionada ao Quadro 2 – Função Específica, das Funções Gratificadas, art. 20 da Lei n.º 5811, de 8/12/87;

PLL n.º 11/88, que reajusta os vencimentos dos funcionário da CMPA e dá outras providências;

PLE n.º 9/88, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do Município;

PR n.º 4/88, que institui o troféu de poesia e monografia Glênio Peres – concurso de poesia e monografia sobre a Cidade de Porto Alegre, a ser concedido anual e individualmente.

Comunico, ainda, às Lideranças, que amanhã haverá Sessão Extraordinária, para esses Projetos de vencimentos correrem Pauta e poderem ser votados na sexta-feira próxima. Além disso, a Mesa manteve conversação com a Presidência da Comissão de Justiça, Ver. Caio Lustosa, e S. Exa. fará realizar reunião ainda hoje, tendo em vista os Vetos que precisam ser analisados junto à Comissão de Justiça.

A Mesa pede para que, logo após a Sessão, possa estar com as Lideranças da Casa, no sentido de ultimar proposições havidas antes da presente Sessão e durante a mesma, no dia de hoje.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, apenas para um esclarecimento: quanto aos vetos, a Mesa poderia nos dar os prazos de vencimento?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, mas é a CJR que fará reunião ainda hoje, que fornecerá para a Mesa os prazos.

Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h59min.)

 

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